segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Solidão do Sábio




Quanto mais se obtém conhecimento da sabedoria divina que estava oculta, quanto mais se aprende dos mistério de Deus, mais o buscador se distancia dos seus semelhantes, que não lhe compreende mais as palavras. O buscador deverá portanto interiorizar seus pensamentos e não exteriorizá-los pelas palavras. Assim passa a sentir um certo frio da solidão. Pense na música do Jessé - Solidão de Amigos que expressa um cenário de beleza rara e que estimula os sentidos do cantor, mas que não há amigos para compartilhar sua visão e sensação.

Lenha na fogueira, lua na lagoa 
Vento na poeira, vai rolando à toa 
A cantiga espera quem lhe dê ouvidos 
A viola entoa, solidão de amigos
A saudade lembra de lembranças tantas 
Que por si navegam nessas águas mansas 
A saudade lembra de lembranças tantas 
Que por si navegam nessas águas mansas
Quando a cachoeira desce nos barrancos 
Faz a várzea inteira se encolher de espanto 
Lenha na fogueira, luz de pirilampos 
Cinzas de saudades voam pelos campos
A saudade lembra de lembranças tantas 
Que por si navegam nessas águas mansas 
A saudade lembra de lembranças tantas 
Que por si navegam nessas águas mansas

Veja o que Jung diz sobre o acontecimento:

..Através da compreensão, o fogo dos deuses, em certo sentido, lhes é roubado. O que quer dizer que algo pertencente aos poderes inconscientes foi arrancado às suas conexôes naturais e subordinado à escolha consciente. O homem que usurpou o novo conhecimento sofre uma transformação ou alargamento da consciência, que já não se parece com a de seus semelhantes. Elevou-se, por certo, acima do nível humano do seu tempo, mas, ao fazê-lo, também alienou da humanidade. A dor da solidão é a vingança dos deuses...

Carl Gustav Jung, Psychological Reflections, Jolande Jacobi, org., Princenton, Nova Jersey, Princenton University Press, 1970, pág. 28. 

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